Escola Bolshoi é atração na abertura do Prêmio Desterro em Florianópolis
Na próxima terça-feira, 27 de setembro, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil dança na noite que marca a abertura da décima edição do Prêmio Desterro, no Teatro CIC, em Florianópolis, às 20h30.
No programa, a Escola apresenta a história de duas mulheres: Raymonda e Ariana, personagens inspiradoras e fortes, cada uma em seu tempo. Raymonda é um clássico do balé de repertório e Ariana é uma obra contemporânea, da coreógrafa Cassi Abranches.
No Prêmio Desterro a Escola Bolshoi encena o III Ato de “Raymonda”. A apresentação conta com cerca de 55 alunos e bailarinos. O balé se passa na idade média, na época das cruzadas, e narra a história de Raymonda, uma mulher fascinante e que tem seu amor disputado por dois homens: um príncipe cristão e um cavaleiro sarraceno. Em um duelo Jean de Brienne, o príncipe, ganha o direito de casar com sua amada. O III Ato retrata uma grande festa, que acontece no parque do castelo de Jean de Brienne, e celebra o casamento de Jean e a protagonista Raymonda, abençoados pelo rei Andrei II. A comemoração termina com um baile húngaro em homenagem ao rei. Esse ato é considerado o destaque da obra, pois traz ao palco, majestosos figurinos e fortes interpretações com as coreografias de dança a caráter, demi-caráter e o mais puro clássico com os pas classique.
A produção do espetáculo é da Escola Bolshoi. A cenografia retrata o salão de festa de um palácio. Adereços confeccionados em metal e madeira compõe a obra. Os figurinos foram criados no ateliê da Escola Bolshoi. A Coreografia é de Marius Petipa e os ensaios foram coordenados pelos professores russos e brasileiros da Escola Bolshoi.
II Ato Contemporâneo
No II ato o publico prestigia o balé contemporâneo "Ariana”, inspirado no poema de Vinícius de Moraes “Ariana, a Mulher”. Uma narrativa distinta, marcada pela procura da etérea mulher Ariana, que está em todos os lugares e é representada por todas as coisas que norteiam e surgem ao narrador ao longo de sua história. Encantada com a obra, a coreógrafa Cassi Abranches iniciou a pesquisa para transformar o poema em dança e, assim, trazer aos bailarinos da Cia. Jovem a experiência de dar vida às mais diversas formas de Ariana. A estreia aconteceu em 2013, e neste ano, a coreógrafa retornou ao Bolshoi Brasil para remontar o trabalho com os novos integrantes da Cia. Jovem.
Embalada por músicas de conceituados compositores brasileiros, como o musicista clássico Marlos Nobre, o pianista André Mehmari e os percussionistas Naná Vasconcelos e Marcos Suzano, “Ariana” se torna um trabalho genuinamente brasileiro e inspirador.
[...] Mas Ariana não era a mulher, nem a moeda, nem a mercadoria, nem a púrpura.
E eu disse comigo: Em todo lugar menos que aqui estará Ariana.
E compreendi que só onde cabia Deus cabia Ariana. [...]
[...] Mas se Ariana era a floresta, por que não havia de ser Ariana a terra? Se Ariana era a morte, por que não havia de ser Ariana a vida? Por que - se tudo era Ariana e só Ariana havia e nada fora de Ariana?
[...] Mas é preciso! Para que surja a Exaltada, a branca e sereníssima Ariana.
A que é a lepra e a saúde, o pó e o trigo, a poesia e a vaca magra Ariana, a mulher - a mãe, a filha, a esposa, a noiva, a bem-amada!
(Trechos do poema “Ariana, a Mulher” de Vinícius de Morais).
Fotos de Nilson Bastian